Um jogador se prepara para cobrar o pênalti decisivo, mas algo dentro dele — e ao redor — começa a falhar. Entre memórias que não se encaixam e identidades que se sobrepõem, o lance decisivo deixa de ser do jogo e passa a ser da própria realidade. Aqui, o terror nasce no instante em que a mente tropeça… e o corpo segue adiante.
Uma menina deixa o sertão para buscar estudo e futuro na cidade grande, mas encontra apenas solidão, esvaziamento e uma estranha dissolução de si mesma. Entre tarefas domésticas, noites silenciosas e um quarto que parece apagá-la pouco a pouco, Mariana percebe que algo — ou alguém — tenta ocupar o espaço onde antes havia sua identidade. E tudo começa no instante em que seu livro desaparece.
Ao se hospedar numa pousada isolada, Vital descobre que seus reflexos não obedecem mais à lógica comum. Cada espelho revela um “eu” diferente — e um deles mostra uma cena que jamais deveria existir. Entre dimensões possíveis e verdades que se recusam a desaparecer, o terror surge quando o próprio reflexo começa a ter vontade própria.
Um professor jovem e carismático surge no campus como se tivesse sido criado pelo próprio imaginário da literatura. Encantador, onipresente e estranho na medida exata, sua existência parece perfeita demais para ser apenas real. À medida que Corônis se aproxima, a fronteira entre fascínio e mistério começa a se diluir — e a pergunta deixa de ser quem é Apolo, para se tornar de onde ele realmente veio.
Num convento isolado no sertão, um chamado urgente coloca dona Bia diante de um segredo que a fé não explica e o tempo não conseguiu sepultar. Entre freiras silenciosas, uma noite estranha e um poço que não ruiu, algo continua pedindo para ser ouvido — como se certas vozes jamais aceitassem o destino de afundar.
Quando o Velho Chico subiu para formar o grande lago, não levou apenas casas — levou histórias que nunca se acostumaram a ficar debaixo d’água. Pedro Bento foi um dos que ficaram, e dizem que sua recusa ecoa até hoje sob a superfície. Em Sobradinho, o terror não mora na inundação, mas no silêncio profundo das coisas que a água decidiu guardar.
Na serra de Lagoa das Pedras, uma rocha antiga guarda mais do que memória: guarda o que restou de dona Alaíde. Meio século depois, o silêncio parece intacto — até que alguém ousa colher as flores que brotam junto à pedra. É então que se descobre que certas metades nunca deixam de procurar o que lhes falta.