
Há lugares que não suportam o silêncio — porque o silêncio, ali, parece respirar.
A antiga escola de Poço Velho é um desses lugares: paredes caídas, madeira podre, janelas vazias… e, ainda assim, uma presença que nunca foi embora de verdade.
O narrador, já cabo da polícia, retorna ao prédio onde estudou criança para investigar o desaparecimento de uma menina. O que começa como uma ocorrência simples logo se torna um enigma que ninguém consegue explicar: a mãe jura ter visto a filha entrar na escola; a professora garante que a menina jamais esteve lá; e, quando o desespero toma a comunidade, a busca transforma suspeita em tragédia.
Mas o mistério não termina com aquela noite — apenas muda de forma.
Anos depois, o mesmo grito retorna, a mesma mãe reaparece, a mesma criança desaparece. E a escola, agora abandonada, parece guardar nomes que insistem em se repetir, como se o tempo escorresse ali de maneira torta.
É nesse lugar — onde memórias se confundem com ecos e onde a lógica tropeça em si mesma — que o narrador descobre que certas histórias não querem ser resolvidas. Querem permanecer vivas. Querem ser ouvidas.
E toda vez que ele tenta virar as costas, a escola parece chamá-lo de novo — com a voz de uma criança que nunca deveria ter desaparecido.