
À beira da estrada que leva a Lagoa das Pedras existe uma casa que todo mundo conhece — mas ninguém explica. Ela não tem datas marcadas, nem história contada com convicção. Apenas paira ali, imóvel, como se estivesse esperando alguém há muito tempo.
Quem passa ao seu lado sente que o abandono não é completo: portas que rangem antes de serem tocadas, mesas ainda postas, camas que parecem ter sido arrumadas há poucas horas, embora décadas tenham passado. E sempre aquela sensação de que a casa observa mais do que abriga.
Dizem que os antigos moradores desapareceram ali dentro, sem barulho e sem vestígio. Dizem também que certos animais encontram a casa antes de encontrar um dono. E que, dentro dela, algumas histórias se repetem com precisão estranha — como se fossem chamadas, e não simples coincidências.
Há quem jure que é apenas uma ruína velha à sombra da estrada. Mas quem entrou sabe que, naquele lugar, nada está realmente morto.
Algumas coisas apenas esperam a hora de recomeçar.