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VAMOS FALAR SOBRE CRECHE - Parte 1

Ao nascer, a criança traz consigo o potencial e as competências para se desenvolver: cabe aos adultos oferecer ambientes que favoreçam esse processo.


Desde recém-nascida, a criança é um aprendiz voraz. Os cem bilhões de neurônios de seu cérebro estão prontos a se conectar por meio das sinapses. Aos quatro anos, o cérebro poderá ter atingido a metade de seu potencial quando adulto. Para favorecer esse desenvolvimento, é importante que os educadores e os familiares ofereçam à criança ambientes adequados, com estímulos cognitivos, afeto e oportunidades para que ela se desenvolva com autonomia. 

Ser educada e cuidada em uma creche é direito garantido por lei a toda criança


 A creche existe para atender à criança e a suas necessidades. Tudo o que acontece na creche deve ser pensado, planejado e organizado em função das crianças. Assim, é preciso romper com a cultura adultocêntrica, na qual tudo acontece em função dos interesses dos adultos. É preciso compreender que a criança vive processos físicos, cognitivos, afetivos e sociais peculiares que devem ser respeitados e compreendidos para serem atendidos em sua plenitude. E mais: a creche deve ser um espaço de qualidade que respeite as singularidades de cada criança, assegurando a convivência de diferentes infâncias. Vale ressaltar que é preferível – salvo em casos de grande vulnerabilidade e dificuldades com a vinculação – que as crianças muito pequenas, de até seis meses, fiquem com suas mães, pais ou familiares, em vez de frequentar a creche. A permanência com a família, além de facilitar a amamentação exclusiva até os seis meses de idade, na maioria dos casos fortalece os vínculos com a criança, possibilita uma estimulação mais individualizada e a protege de doenças para as quais ela ainda não está com a imunidade preparada. Apoiar a família no exercício deste papel é responsabilidade de todos. Além disso, a necessidade de socialização da criança com outras crianças só se estabelece com mais intensidade após o primeiro ano de vida. Desta forma, apesar de a creche ser um direito de toda criança, estes aspectos podem ser levantados quando da solicitação da vaga nas creches para crianças muito pequenas. 

Garantir a qualidade da creche é fundamental 


As pesquisas têm mostrado que creches de má qualidade podem não trazer benefícios às crianças e, em alguns casos, ser até mesmo prejudiciais ao seu desenvolvimento (Banco Mundial, 2011). Os gestores municipais de educação garantem a qualidade por meio da formação continuada dos profissionais, da manutenção de uma relação professoraluno adequada, da supervisão em serviço e do cuidado com a infraestrutura, equipamentos, instalações e materiais utilizados. Vale consultar e implementar ações de acordo com os seguintes documentos: Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Brasil, 2010) e Indicadores de Qualidade da Educação Infantil (Brasil 2009). 

A criança de zero a três anos é ativa, competente e capaz de construir autonomia 


A autonomia da criança se constrói a partir do entendimento de que “ela é capaz de fazer sozinha”. Nas últimas décadas, diferentes campos de conhecimento vêm contribuindo para pensar a criança contextualizada e produtora de cultura. A neurociência, a pedagogia, a sociologia e a antropologia concebem a criança como um ser social pleno, dotado de capacidade de ação e culturalmente criativo – isto é, uma concepção de criança como sujeito de direitos, sujeito de história, capaz de tomar decisões e construir hipóteses sobre a vida e sobre as coisas. Estimular a autonomia é possibilitar sua movimentação livre e respeitar suas escolhas. O papel do adulto é organizar os ambientes, favorecendo e enriquecendo o acesso das crianças a uma variedade de objetos e materiais cada vez mais instigantes que a desafiem a engatinhar, subir, descer, escorregar, pular, andar, etc. O adulto deve garantir um ambiente seguro e manter uma observação atenta aos balbucios, falas, expressões corporais, às necessidades emocionais, dificuldades e às novas aprendizagens das crianças. E, ainda, através do diálogo constante e do respeito, permitir que, desde a mais tenra idade, a criança possa ter a experiência de decidir, de fazer escolhas, ao mesmo tempo percebendo que existem limites que precisam ser respeitados.

Depois vamos falar mais sobre esse assunto tão empolgante.

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