Entre o medo e a imaginação: como trabalhar contos de terror em sala de aula

Leitura, emoção e aprendizagem caminham juntas.

Entre um susto e outro, os contos de terror revelam-se um poderoso instrumento pedagógico. Mais do que entreter, eles ensinam — despertam a curiosidade, exercitam a interpretação e incentivam a criação de novas histórias.

Por que ler contos de terror na escola?

Ler contos é uma prática que estimula o raciocínio, a empatia e a criatividade. No caso dos contos de terror, o interesse é imediato: o medo atrai, mas o que realmente prende o aluno é o mistério, a linguagem simbólica e o suspense.O gênero pode ser usado em diferentes etapas da aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento da leitura autônoma e da escrita criativa — competências essenciais previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Dica pedagógica: os contos de terror funcionam muito bem em projetos de leitura, oficinas literárias e atividades de oralidade.

Habilidades da BNCC desenvolvidas com contos de terror

A leitura e a produção de contos dialogam diretamente com várias habilidades da BNCC, especialmente no componente de Língua Portuguesa (Ensino Fundamental II).

Essas práticas não apenas fortalecem a leitura e a escrita, mas também estimulam o protagonismo estudantil e a formação do leitor crítico.

O medo como ferramenta de aprendizagem

O terror literário não se resume a sustos. Ele provoca reflexão e empatia: o medo, no fundo, é um espelho das fragilidades humanas.

Trabalhar contos desse gênero permite explorar emoções, valores e dilemas éticos, sempre de forma simbólica e segura.É o caso de obras que aproximam o cotidiano do mistério, como o livro “O Pedaço de Dona Alaíde e Outros Contos para Além do Sono”, que transforma pequenas situações em grandes reflexões. São histórias breves, poéticas e inquietantes — ideais para quem deseja introduzir o gênero em projetos de leitura escolar.

Como aplicar em sala de aula

1. Leitura orientada

Escolha um conto curto e peça aos alunos que leiam silenciosamente. Depois, proponha perguntas interpretativas:

• O que causa o medo nesta história?
• Há algo que não é dito, mas está sugerido?
• Como o ambiente ajuda a criar tensão?

2. Leitura em voz alta (oralidade)

Organize uma roda de leitura dramatizada. Incentive os alunos a explorar pausas, tons e expressões — desenvolvendo fluência, segurança e interpretação.

3. Produção de contos autorais

Após a leitura, proponha que os estudantes criem seus próprios contos de terror. Oriente o uso de descrições, tempo narrativo e reviravoltas.

Essa atividade trabalha escrita criativa, planejamento textual e autoconfiança.

4. Projeto interdisciplinar

Integre a atividade com Artes (ilustrações dos contos) e Tecnologia (podcasts com narrativas dramatizadas). O resultado pode ser um livro digital coletivo — um produto que valoriza a autoria e a expressão dos alunos.

O papel do professor-mediador

O professor é o guia da experiência literária. É ele quem conduz o aluno a sentir o texto, não apenas a compreendê-lo.

Ao explorar o terror literário, o educador mostra que o medo também pode ser conhecimento — e que uma boa história é, antes de tudo, um convite à imaginação.

✍️ “O bom conto não termina na última frase. Ele continua dentro do leitor.”

🌙 Para refletir…

A leitura de contos de terror, quando bem orientada, une emoção, reflexão e aprendizado. Ela desperta o prazer de ler e amplia a visão de mundo — dentro e fora da sala de aula.E quem sabe, depois da leitura, alguma ideia ainda fique “além do sono”?

🔗 Leia também:

➡️ O Pedaço de Dona Alaíde e Outros Contos para Além do Sono

➡️ Projetos de leitura e escrita criativa na escola